
A encruzilhada entre a Gastronomia e a Nutrição esteve em destaque no debate promovido pela Egas Moniz School of Health and Science. Especialista diz que “formação” é a palavra-chave e que cozinheiros são “agentes de saúde pública”.
Um estudante formado em Gastronomia devia ter uma formação muito próxima da que tem um Nutricionista: é esta a principal conclusão do debate “Gastronomy and Nutrition: The Challenge of Finding Balance”, um dos vários organizados no final de maio pela Egas Moniz School of Health and Science, no Monte da Caparica, e que contou com Olívia Pinho, docente na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, na palestra.
Ao longo de quase 40 minutos, perante uma plateia constituída, principalmente, por professores e alunos, esta nutricionista defendeu o equilíbrio entre as duas áreas, que reconheceu “estarem numa encruzilhada”, e que “uma pessoa formada em Gastronomia devia ter uma formação muito próxima do Nutricionista”.
“Deve haver aqui pessoas que estão naquela formação de base dos cozinheiros, que é muito boa, mas gostava que esses cursos não tivessem só uma cadeira de Nutrição, mas também de Fisiologia do Humano: se o cozinheiro se sentir um agente de saúde pública, temos meio caminho andado para melhorar aquilo que andamos a ver em termos de Nutrição”, defendeu Olívia Pinho, que deu um exemplo concreto: “Uma colega nutricionista tinha, além do seu consultório, uma cozinha na qual fazia workshops com os alunos. Aos nutricionistas que aqui estão, aprendam a cozinhar e ensinem a Gastronomia o melhor possível”.
Deixando claro que sempre foi o seu lema “ligar a Gastronomia à Nutrição”, a docente da Universidade do Porto frisou que os consumidores “têm que arranjar opções saborosas, mas ao mesmo tempo equilibradas”.
Mas como pôr no mesmo prato sabor, qualidade, prazer e cultura? “Com formação adequada para que estas áreas se juntem”, insistiu Olívia Pinho, para complementar. “Esta escola está a abrir uma Licenciatura em Gastronomia e um estudante não vem só aprender a composição do alimento, tem de perceber que ele é servido a uma pessoa, logo ele é uma ferramenta em saúde pública. Tem de perceber porque é que a gordura pode causar um enfarte do miocárdio ou porque é que uma pessoa que vai fazer uma hemodiálise não pode comer isto ou aquilo”.
A especialista deu um exemplo daquilo que considerou ser uma má prática: “Se um estudante aprendeu a fazer um prato em que junta uma gordura que não o azeite, ele continua a usar indefinidamente esse tipo de gordura. Sei que o azeite é mais caro, que tem de ser usado com mais parcimónia, mas vamos tentar ajudar a que a cozinha do restaurante comece a usar a gordura mais adequada”.
Lia o artigo completo na edição de julho-agosto da revista VIVER SAUDÁVEL.




