Mais de 3,7 milhões de civis com insegurança alimentar no nordeste da Nigéria 584

Mais de 3,7 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar no nordeste da Nigéria, abalado por conflitos que limitaram o acesso a terrenos agrícolas e a produção de alimentos, anunciou esta segunda-feira (21) o Comité Internacional da Cruz Vermelha.

Em comunicado citado pela Lusa, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) refere que os estados de Borno, Adamawa e Yobe — no nordeste do país — concentram 15% da população nigeriana em situação de insegurança alimentar.

A organização advertiu ainda que, com o início da chamada época da escassez e a diminuição das reservas alimentares, a pressão sobre os agregados familiares tem vindo a intensificar-se.

“É nesta altura que as famílias devem começar a comprar alimentos, mas muitas das que foram afetadas pelo conflito mal conseguem fazê-lo”, afirmou a chefe da delegação do CICV em Borno, Diana Japaridze.

“[As pessoas] são forçadas a reduzir drasticamente a sua ingestão alimentar”, lamentou.

De acordo com o CICV, a insegurança alimentar está também a agravar os níveis de malnutrição, sobretudo entre crianças com menos de cinco anos e mulheres grávidas ou em período de amamentação.

Neste contexto, as Nações Unidas já tinham alertado, em novembro, que cerca de 5,4 milhões de crianças e cerca de 800 mil mulheres grávidas e lactantes na Nigéria estão em risco de desnutrição aguda, considerada a forma mais letal de subnutrição.

Quando a alimentação é um ato de resistência: nutrição em contextos de emergência humanitária

O nordeste da Nigéria é alvo de ataques do grupo terrorista Boko Haram desde 2009, violência que se agravou em 2016 com o surgimento do Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP).

Ambos os grupos tentam impor um Estado islâmico na Nigéria — país maioritariamente muçulmano no norte e predominantemente cristão no sul.

Segundo dados do Governo nigeriano e das Nações Unidas, o Boko Haram e o ISWAP são responsáveis por mais de 35.000 mortes e pelo deslocamento forçado de cerca de 2,7 milhões de pessoas, principalmente na Nigéria, mas também nos países vizinhos: Camarões, Chade e Níger.

A Nigéria é o país mais populoso de África, com mais de 213 milhões de habitantes. É também um dos principais produtores de petróleo do continente e possui uma das maiores economias africanas.

No entanto, quatro em cada dez nigerianos vivem abaixo do limiar da pobreza, de acordo com o Banco Mundial.