Legislativas 2025: Entrevista a Ana Gabriela Cabilhas, candidata da AD pelo Porto 938

As Eleições Legislativas de 18 de maio destacam-se pela presença de alguns nutricionistas nas listas dos vários partidos. Ana Gabriela Cabilhas é a n.º 3 da Aliança Democrática pelo círculo eleitoral do Porto.

Com 28 anos, é hoje uma figura ímpar para a profissão, ao ter sido a primeira nutricionista eleita para a Assembleia da República em 2024, ano em que foi considerada a “Nutricionista do Ano” nos Prémios VIVER SAUDÁVEL. Enquanto membro do PSD, partido que lidera a coligação com o CDS-PP, foi uma voz ativa e consistente, razão pela qual a sua eleição é hoje praticamente uma certeza.

Em entrevista à VIVER SAUDÁVEL, reforça a necessidade de investimento nos cuidados de saúde primários e pede aos colegas que cuidem “do estado de saúde da nossa democracia, que está hoje ameaçada pelos movimentos populistas que dividem a sociedade e geram o caos”.

VIVER SAUDÁVEL (VS) – Sobe do 12.º para o 3.º lugar nas listas do Porto em apenas um ano. Como avalia este voto de confiança por parte da AD?

Ana Gabriela Cabilhas (AGC) – Encaro este voto de confiança com redobrado sentido de compromisso com a nossa democracia e com a política pela positiva. Mas o lugar que realmente importa é colocar os Portugueses em primeiro e é isso que a AD tem feito. A minha política não é a dos lugares, mas a dos compromissos com as pessoas e do progresso social. Fico grata por ter mais uma oportunidade para dar voz à minha geração, e por integrar um projeto que em apenas um ano fez mais pelos jovens do que o PS em quase dez anos de governação, seja em matéria de rendimentos, de habitação, de qualificações… enfim, no que realmente importa.

VS – É hoje recandidata a um lugar na Casa da Democracia. Que temas marcaram a sua campanha?

AGC – Fomos a eleições há 1 ano. Por isso, tenho vontade de continuar o ciclo de transformação do País que foi interrompido pelas oposições. Aos que ainda têm dúvidas, estamos a mostrar o que fizemos em escassos meses para que possam antecipar o que podemos fazer em vários anos com uma maioria maior – na diminuição de impostos às pessoas e às empresas, na valorização das 19 carreiras da administração pública, na isenção de IMT e imposto de selo na compra da primeira habitação para os mais jovens, na criação do passe ferroviário verde, no aumento do complemento solidário para idosos e das pensões.

“Para a AD, não desistir do SNS é transformá-lo”.

Também pelo contexto em que fomos a eleições, acredito que esta campanha está muito relacionada com o futuro do nosso regime democrático, que se garante com estabilidade política, crescimento económico e a resolução dos problemas das vidas das pessoas – as soluções que funcionam estão no projeto político da AD. Em cada rua, em cada mercado, em cada contacto com a população sentimos o apoio crescente.

VS – Como olha para o estado do país, em particular para o estado da Saúde?

AGC – Face à iminente ruptura que o governo da AD herdou, após 8 anos de estratégias erráticas da governação socialista, com mudanças apressadas e mal operacionalizadas, este governo definiu a sua intervenção em dois momentos: um de emergência para acudir à necessidades imediatas, e outro de longo prazo, com a implementação de um novo ciclo no Serviço Nacional de Saúde.

Esta nova estratégia, ponderada, com base em evidência científica e envolvendo os profissionais de saúde, não está apenas focada em investimento, mas também numa reorganização inteligente, centrada na pessoa e orientada para os resultados em saúde, com o princípio de reforçar o modelo público e universal, sem abdicar do SNS como pilar central do sistema de saúde português.

Para a AD, não desistir do SNS é transformá-lo. Esse caminho já começou e, por isso, digo-lhes convictamente que no estado da saúde estamos melhor do que estávamos há 1 ano.

VS – E como olha para o estado da sua profissão?

AGC – Os jovens nutricionistas sentem já o impacto de medidas como o IRS Jovem e a isenção de IMT e imposto de selo na compra da primeira habitação. A AD está mesmo a lutar pelo direto das novas gerações a ficaram no País que as viu nascer, crescer e formar. Não posso deixar de referir que há um caminho que tem que ser reforçado ao nível dos cuidados de saúde primários, de maior foco na prevenção da doença e de promoção da saúde, onde sabemos que o papel dos nutricionistas é fundamental.

VS – A Nutrição, enquanto profissão jovem no nosso país, entrou na Assembleia da República em 2024 com a sua eleição. Os nutricionistas têm conseguido impor-se na sociedade ou ainda existe um longo caminho para o reconhecimento da profissão? De que forma um nutricionista pode acrescentar um saber diferente ao Parlamento?

AGC – Um parlamento com diversidade é muito positivo, seja a diversidade de idades, de género, mas também de profissões, porque nos leva à diversidade de ideias e de propostas. Os nutricionistas têm de ser cada vez mais visíveis para colocarem a alimentação inadequada no centro da discussão política dos problemas de saúde. A alimentação é um dos determinantes com mais impacto na saúde dos portugueses, pelo que vale a pena investir na promoção da saúde e na prevenção da doença. Falar sobre isto é falar sobre a sobrevivência do SNS e sobre a diminuição de desigualdades sociais em saúde.

“Esta campanha está muito relacionada com o futuro do nosso regime democrático”

Continuo a afirmar que todos os nutricionistas são poucos para aumentar o impacto da nossa atuação na saúde da população.

Sobre o reconhecimento da profissão, creio que todos nós já sentimentos o mesmo: apesar do nosso esforço, dedicação e conhecimento, já enfrentamos, em algum momento, a falta de reconhecimento que a profissão merece. Porém, isto não pode ser fonte de bloqueio, mas de ação.

VS – Que mensagem quer deixar aos colegas nutricionistas?

AGC – Se todos os dias trabalhamos para o estado de saúde da população que cuidamos, este é o tempo de cuidarmos também do estado de saúde da nossa democracia, que está hoje ameaçada pelos movimentos populistas que dividem a sociedade e geram o caos.