O secretário da Saúde dos Estados Unidos da América (EUA), Robert Kennedy Jr., exige que as escolas médicas tenham mais formação nutricional. Medida não é consensual e há quem peça mais nutricionistas.
Combater “a lamentável falta de educação nutricional na medicina” é, para Kennedy Jr., a solução para “reverter a epidemia de doenças crónicas” nos EUA. Como? “Simplesmente mudando a nossa alimentação e estilo de vida”, garante, num vídeo publicado na rede social X.
O objetivo do secretário da Saúde é que a Nutrição seja parte integrante das várias fases de formação de médicos, o que tem levantado questões. Se há quem aplauda o reconhecimento desta área fundamental, também há quem questione o que devemos esperar de um médico e peça mais nutricionistas para responder ao problema.
Por exemplo, a Associação de Faculdades de Medicina Americanas garante que os estudantes já são formados relativamente ao impacto da alimentação na saúde. Aliás, uma pesquisa recente mostra que todas as escolas de medicina norte-americanas contam com o ensino da Nutrição nos seus currículos, noticia a NBC News.
Barreiras sistémicas e acesso ao nutricionista
O especialista em doenças infeciosas da Stanford Medicine, Jake Scott, garante que os médicos “não são ignorantes quando se trata de nutrição” e lembrou que a má alimentação nos EUA é também resultado de barreiras sistémicas, como a impossibilidade de poder pagar a um médico ou ter acesso a alimentos saudáveis. Neste país, o sistema de saúde privado é predominante e 18 milhões vivem longe dos supermercados.
“O Governo federal deveria dizer: ‘Olha, se vocês não vão fazer o vosso trabalho e treinar médicos como devem ser treinados, vamos cortar o financiamento’. Aí eles vão ouvir”, defende, por sua vez, o cardiologista, diretor do Food is Medicine Institute na Universidade Tufts e fã da proposta do governante, Dariush Mozaffarian.
Já Nate Wood, diretor de medicina culinária na Yale School of Medicine, aprecia a ideia de que os médicos devem ser bem treinados em Nutrição, mas duvida que esta seja a abordagem mais eficaz.
O especialista sugere que as consultas com nutricionistas sejam cobertas por planos de saúde mais amplos – a cobertura para pacientes com seguro privado ou apoio público (Medicaid) pode variar e geralmente implica diagnósticos de, por exemplo, diabetes ou doença renal.
Kedenny está a “pôr em perigo” cidadãos
Nesta segunda-feira, nove ex-diretores do Centro para Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos acusaram Robert Kennedy Jr. de “pôr em perigo a saúde de todos os norte-americanos” com despedimentos.
Nove ex-diretores de agência de saúde dos EUA acusam Kennedy de “pôr em perigo” cidadãos
Os especialistas falam no “risco de destruição” da saúde pública e “de ideologização” das políticas de saúde por parte deste responsável, conhecido pelas suas posições antivacinas.
Kennedy “despediu milhares de funcionários públicos federais da saúde pública e cortou drasticamente programas destinados a proteger os norte-americanos de cancro, patologias cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, poluição por chumbo, lesões e violência”, escreveram.




