Estudo investiga relação entre o microbiota intestinal e a severidade da covid-19 1996

Um estudo liderado por Conceição Calhau, professora e investigadora da Faculdade de Ciências Médicas|NOVA Medical School da Universidade Nova de Lisboa, e financiado pela Biocodex e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), vai investigar a relação entre o microbiota intestinal e a severidade da covid-19.

O estudo denominado por “Gut microbiota, Spark and Flame of COVID-19 Disease”, “fornecerá prova do conceito de que o microbiota intestinal pode ser um fator crítico responsável pelo resultado clínico da doença infeciosa covid-19”, afirmou Conceição Calhau em comunicado enviado.

A investigadora explicou ainda que o sistema imunitário é modulado pelo microbiota intestinal, e cerca de 70% das células produtoras de anticorpos residem no nosso intestino.

“O microbiota intestinal tem, por isso, um papel determinante na saúde e particularmente no sistema imunológico, pelo que o perfil do microbiota de pacientes infetados com o novo coronavírus poderá relacionar-se com a vulnerabilidade, desenvolvimento e severidade da doença”, explicou Conceição Calhau..

A caracterização do microbiota intestinal será feita a partir de amostras de fezes, e para explorar as bactérias (espécie, género ou filo) que podem estar representadas nos doentes infetados, em menor ou maior quantidade, será analisado o perfil da microbiota em diferentes estados de doença: doença leve (autoisolamento em casa), doença grave (isolamento no quarto do hospital) e pacientes críticos (Unidade de Cuidados Intensivos hospitalar).

Aliás, a investigadora adianta que se os resultados confirmarem esta hipótese, está aberto o caminho para “novas intervenções médicas direcionadas ao microbiota intestinal contra este tipo de vírus, por exemplo, com prebióticos ou probióticos associados a outras intervenções farmacológicas covid-19 atualmente em desenvolvimento”.

Este estudo conta com um financiamento total de 50 mil euros, e vai permitir investigar ainda se os doentes com obesidade, diabetes ou hipertensão são mais suscetíveis à covid-19, uma vez que está comprovado que estas doenças estão associadas a uma disfunção do microbiota intestinal.

Os doentes vão ser recrutados no Serviço de Medicina Interna do Hospital São Sebastião (Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga), no Serviço de Cuidados Intensivos Polivalente do Hospital Curry Cabral (Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central), no Serviço de Atendimento Permanente do Hospital CUF Infante Santo, na Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente do Hospital de São Francisco Xavier (Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental) e na Unidade de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário de São João. Ao todo serão escolhidos um total de 60 participantes. Os critérios de inclusão são somente dois: ter covid-19 e mais de 18 anos.

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