“Vivemos em mundos diferentes”: Candidatas a bastonária sobem o tom 2159

Realizou-se, na passada segunda-feira, dia 2 de outubro, o segundo e último debate promovido pela Comissão Eleitoral da Ordem dos Nutricionistas (ON) entre as candidatas a bastonária Bárbara Beleza e Liliana Sousa. Com moderação de Fernanda Freitas, o debate aconteceu no espaço Atmosfera m, em Lisboa, e contou com cerca de quatro dezenas de nutricionistas presentes, numa sessão transmitida em direto no canal de YouTube da Ordem.

Liliana Sousa apontou a experiência no terreno que marca a sua carreira na ULS-Matosinhos, ao assegurar que representa uma candidatura “do terreno”, com uma presença vasta de jovens, os mais precários na profissão. Por outro lado, Bárbara Beleza assumiu uma candidatura “todo o terreno”, com bagagem associativa e académica.

Perante o clima de distância entre os associados e a sua Associação Pública Profissional, Liliana Sousa garantiu que “a voz dos profissionais começou a valer cada vez menos”, razão pela qual quer “abrir as portas da Ordem” com elos de ligação estreitos e reforçados. Bárbara Beleza admitiu existir “algum desinteresse pelo movimento associativo”, o que a leva defender mais informação e ajuda para os mais jovens.

“Vivemos em mundos diferentes”, disse Liliana Sousa, para criticar o tempo de espera (cerca de um ano) que alguns colegas levam para começar o seu estágio de acesso, o que se traduz, explicou, em desistências da profissão. Defende a alocação e distribuição de vagas pela ON, mediante quatro valências (idoneidade, criação de vagas atribuídas pela Ordem, remuneração obrigatória e qualificação da avaliação).

Contrariamente à colega, que não concorda com a nova revisão estatutária, Bárbara Beleza defende-a ao expor que acabar com o estágio traria novos problemas. “Se não cumprirmos um dos quatro critérios, acabamos com o estágio e quanto tempo esperamos?”, questionou, para garantir que a posição da colega demonstra “alguma falta de maturidade” e que “não podemos alimentar demagogias”. “Se imaturidade é ter a capacidade de dizer o que está mal, então somos imaturos”, contestou Liliana Sousa, que acredita que a nova Lei trará atrasos.

Bárbara Beleza reafirmou a necessidade de combate aos “pseudo-nutricionistas” e da estipulação de regras de atuação no digital para que os profissionais tenham uma comunicação fidedigna. Já Liliana Sousa criticou a desigualdade registada a nível nacional no que diz respeito à presença de profissionais de Nutrição em locais públicos, como Câmaras Municipais. “Há Câmaras com seis Nutricionistas e outras sem nenhum”, exemplificou.

O tom subiu já perto do fecho do debate. Ao acusar Bárbara Beleza, presidente do Conselho Geral (CG) da ON, de inação perante temáticas importantes para os profissionais, Liliana Sousa foi questionada pela colega onde teve acesso às atas do CG, uma vez que estas devem ser pedidas à própria presidente da mesa deste órgão, o que, disse Bárbara Beleza, não aconteceu. “Não tenho problema em dizer que mas cederam”, teve como resposta da nutricionista, apontando a contradição entre “quero transparência mas a mim ninguém me pediu”.

Perante as críticas relativas à falta de consulta dos Nutricionistas por parte do Conselho Geral no que diz respeito ao novo Estatuto, Bárbara Beleza garantiu que pessoalmente propôs essa consulta, que acabou por não acontecer por recusa dos restantes conselheiros do CG e que, com a abertura desse mesmo processo pela Direção, os profissionais puderam participar. Mais uma vez, questionou Liliana Sousa se havia participado. Não respondeu diretamente à questão, mas condenou “juízos de valor em sede de debate” e lembrou que participou na discussão do Ato do Nutricionista. “A cronologia é importante para se contar a história”, retorquiu.

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