Noncommunicable diseases : Os macro e micronutrientes a privilegiar 584

As noncommunicable diseases ou doenças crónicas não transmissíveis (DCNTs) são atualmente um dos maiores problemas de saúde pública, constituindo, de acordo com as Estimativas Globais de Saúde de 2019, sete em cada dez das principais causas de morte no mundo.

Neste contexto, a alimentação e a dieta desempenham “um papel crucial na prevenção e na gestão das DCNTs, pois a adoção de uma dieta saudável pode ajudar a reduzir os fatores de risco associados, podendo ser uma forma eficaz de tratamento, juntamente com outras intervenções em saúde, incluindo a saúde mental”, explica Ana Isabel Rito, investigadora e head of the WHO Collaborating Center for Nutrition and Childhood Obesity e elemento do Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

À VIVER SAUDÁVEL, a nutricionista especifica que, “embora não exista uma abordagem única, em nutrição, certos padrões alimentares e escolhas alimentares podem ajudar a controlar, prevenir e tratar várias condições”.

Uma dessas abordagens, segundo Joana Bernardo, nutricionista na Unidade de Dietética e Nutrição do Hospital Lusíadas Lisboa, é a Dieta Mediterrânica: “sabemos que um bom estado nutricional e um estilo de vida saudável com a realização de uma Dieta Mediterrânica apresenta inúmeros benefícios para a saúde e qualidade de vida. De acordo com a literatura, a realização desta dieta com importante poder antioxidante e anti-inflamatório, representa um fator protetor para o desenvolvimento destas doenças”, sintetiza a nutricionista.

Deste modo, dentro dos vários grupos dos macronutrientes, devem ser privilegiados, segundo Joana Bernardo:

Hidratos de carbono: “Frutas e hortícolas, uma vez que estes apresentam na sua composição uma grande diversidade de vitaminas, minerais, compostos bioativos (com propriedades antioxidantes) e fibras, com papel importante, por exemplo, na prevenção de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro. O consumo de cereais integrais e pouco refinados é, também, importante, uma vez que são ricos em fibra, que por sua vez se encontra associada a uma melhoria do perfil lipídico e do metabolismo da glicose, bem como diminuição da pressão arterial e inflamação crónica. Deste modo, o consumo desde tipo de cereais representa, também, um fator protetor para o desenvolvimento de doenças como a diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro”.

Lípidos: “Ácidos gordos insaturados, sobretudo os ácidos gordos monoinsaturados (através do consumo do azeite como gordura principal) e os ácidos gordos polinsaturados ómega-3 (através do consumo de frutos secos e um moderado consumo de pescado), dado que que promovem a saúde cardiovascular”.

Proteína: “Um consumo moderado e regular de pescado aliado a um baixo consumo de carne apresenta benefícios para a saúde cognitiva, bem como um fator protetor contra as doenças cardiovasculares. Os lacticínios correspondem a uma boa fonte proteica, permitindo, igualmente, o aporte de minerais (cálcio e fósforo) e vitaminas (A, B2 e D) essenciais. Estes devem ser consumidos de forma moderada, devendo optar-se pelas alternativas com baixo teor de gordura, de modo a diminuir o aporte de gordura de origem animal, e sem açúcares adicionados. Deve-se, também, optar por leguminosas como fonte proteica alternativa, uma vez que estudos recentes têm associado de forma positiva o seu consumo a um controlo e prevenção de distúrbios metabólicos como, por exemplo, diabetes mellitus tipo 2, HTA, e consequentemente, doenças cardiovasculares, e dislipidemia”.

Quanto aos micronutrientes, de um modo geral, como indica Joana Bernardo, “a alimentação deve ser completa, variada e equilibrada de modo a que sejam assegurados nas proporções recomendadas, possibilitando obter todos os benefícios para o nosso organismo, sendo que, uma vez mais, a Dieta Mediterrânica permite assegurar um adequado aporte destes micronutrientes”.

Importa, ainda, salientar, como reforça a nutricionista, o potencial anti-inflamatório e antioxidante deste tipo de dieta na promoção da saúde. “Este impacto, deve-se por exemplo ao teor em vitaminas como a vitamina C, D e E, e minerais como o selénio, cobre, zinco e compostos bioativos (como polifenóis)”.

Micronutrientes que, como explica Joana Bernardo, “apresentam uma relevância devido ao seu caráter antioxidante, anti-inflamatório e anticarcinogénico, importante para a diminuição do risco do desenvolvimento de doenças crónicas como alguns tipos de cancro, doenças neurodegenerativas e cardiovasculares”.

“Nutricionista é pilar essencial no controlo do risco das DCNTs” é um dos artigos de cobertura da próxima edição da revista VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses de maio e junho, a ser disponibilizada brevemente. Conheça mais especificidades a ter em conta pelo nutricionista nesta temática na sua revista profissional.

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