Agricultura portuguesa mudou em “cinco traços”, diz estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos 714

A Fundação Francisco Manuel dos Santos publicou recentemente no seu site uma infografia intitulada “Cinco Traços de Mudança na Agricultura Portuguesa”. Os resultados advêm do estudo dos números do Instituto Nacional de Estatística (INE) e INE/Pordata, relativamente aos dados de recenseamentos agrícolas realizados em Portugal em 1989, 1999 e 2019.

Assim, o primeiro ponto visa a alteração da composição agrícola no país. Ou seja, se em 1989 existiam 24% de pastagens permanentes, esse número mais do que duplicou trinta anos depois, situando-se nos 54%. Em sentido inverso, as culturas temporárias reduziram a menos de metade: 53% em 1989 para 23% em 2019. As hortas familiares diminuíram de 0,9% em 1989 para 0,4% em 2019 e as culturas permanentes mantiveram-se, trinta anos depois, nos mesmos 22% do final dos anos 80.

Por falar em culturas permanentes, estas dividem-se atualmente da seguinte forma: 377 234 hectares de olival, 228 707 de frutos secos, 173 254 de vinha, 71 288 de frutos frescos, 7703 de frutos subtropicais e 2477 outras culturas.

Nas culturas temporárias, as culturas forrageiras ocupam 433 045 hectares e os cereais para grão 234 599. Os prados temporários estão em 120 576 hectares, hortícolas em 51 996 e leguminosas secas em 18 696. Existem ainda 13 383 hectares de batata, 10 690 de culturas industriais, 1923 de flores e plantas e 3477 “outras”.

Num segundo ponto, o trabalho da Fundação destaca que os cereais deram lugar às pastagens, visto que um item caiu em proporção semelhante à subida do outro, que é agora predominante. Diz o estudo que um terço das pastagens são semeadas ou melhoradas e as restantes são pobres.

“O Olival produz hoje como nunca” refere o terceiro ponto, referindo que “a expansão do olival de regadio, sobretudo alimentado pela albufeira do Alqueva, triplicou a produtividade dessa cultura nas últimas três décadas”. Os números dizem que se passou de 0,8 t/ha em 338 mil hectares entre 1987 e 1991, para 2,5 t/ha em 374 mil hectares entre 2017/2021. De referir que 99% do olival é para azeite.

Sobre os frutos secos “imparáveis”, dizem os números que a área cultivada duplicou na última década e atingiu valores recorde desde o fim dos anos 80, sendo que, a finalizar, é referido que “já não se plantam batatas nem feijões”: se em 1989 ocupavam 5% da superfície agrícola do país, em três décadas o valor caiu para 0,5%. Dos 107 187 hectares de batata em 1989 ficaram 13 383 em 2019, com o feijão, nos mesmos períodos, respetivamente, a cair de 62 861 para 3 814.

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