Três mil diabéticos de Sintra em projeto pioneiro de monitorização à distância 1400

Três mil utentes diabéticos do Agrupamento de Centros de Saúde de Sintra integram há três meses um projeto de monitorização da doença à distância, visando aumentar a capacidade de vigilância e resposta aos doentes, disse o médico Gonçalo Envia.

Em declarações à agência Lusa, o diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde de Sintra (ACES Sintra), Gonçalo Envia, explicou que o projeto pioneiro, uma parceria com a empresa UpHill, visa “aumentar a vigilância e resposta aos doentes diabéticos, prevenir o agravamento da doença a longo prazo, evitar complicações e hospitalizações”.

Gonçalo Envia disse que há cerca de 24 mil utentes diabéticos no concelho, sendo que para já integram o programa três mil, mas a expectativa é que seja alargado a todos até ao final do ano.

“Há uma primeira fase em que é feita uma colheita eletrónica da história digital em que o utente diabético é convidado a participar. É feita a colheita da história que é traduzida para a equipa para que seja feito pedido de análises. O utente faz as análises e estas são automaticamente lidas pelo sistema, dando-nos a orientação para a necessidade de consulta e reajuste do tratamento”, contou.

Na prática é a avaliação do estado de saúde dos utentes diabéticos, a prescrição automática de análises, interpretação automática dos resultados e sinalização dos doentes que necessitam de avaliação presencial.

Segundo Gonçalo Envia, os utentes continuam a ter à disposição os mesmos meios para os quais sempre estiveram habituados: mensagens, ‘email’ e chamadas telefónicas.

“O projeto visa também dar um auxílio às equipas de saúde naquilo que é a caracterização e o controlo da diabetes através de uma plataforma, de um algoritmo, que foi desenvolvido. Há uma serie de automatismos que eram feitos por profissionais de saúde e que agora passam a ser feitos de uma forma automática”, disse.

Por sua vez, o médico e CEO da UpHill, Eduardo Freire Rodrigues, adiantou à Lusa que a aplicação ao programa “Controlar a Diabetes” tem um benefício tripartido: para o doente, médico e sistema.

“É um beneficio para o doente porque tem mais acessos. Os acessos aos serviços de saúde e a receber atos médicos que são necessários para a sua monitorização e controlo terapêutico da diabetes ficam facilitados”, contou.

De acordo com Eduardo Freire Rodrigues, o programa é igualmente um beneficio para o profissional de saúde, com uma poupança de tempo significativa devido a uma estratificação de risco de cada um dos diabéticos e a uma automatização de tarefas.

“Para o sistema, é benéfico porque liberta os profissionais de saúde. Estes podem-se alocar a necessidades de outros doentes, tendo confiança de que a sua população de diabéticos está a ser acompanhada continuamente”, disse.

Eduardo Freire Rodrigues explicou que na plataforma é desenhada e construída uma jornada de cuidados para os doentes.

“O que o sistema faz é automaticamente quando o médico sinaliza o doente como diabético este recebe uma mensagem onde vai confirmar um conjunto de critérios, é feita uma estratificação de risco e enviado ao doente a prescrição de exames. Depois de feitos os resultados são interpretados pelo sistema, sugerindo aos profissionais de saúde, caso seja necessário, agendar uma consulta presencial”, disse.

Eduardo Freire Rodrigues lembrou que a diabetes é uma patologia que acarreta grande consumo de meios humanos, materiais e financeiros do sistema de saúde.

O médico disse que há um potencial enorme na aplicação deste programa a outras regiões e outras áreas que tenham as mesmas características.

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