Investigadores descobrem proteína crucial na progressão de doenças neurodegenerativas 628

Investigadores da Universidade do Algarve (UAlg) descobriram uma proteína “crucial” no desenvolvimento de duas doenças neurodegenerativas para as quais não existe, atualmente, qualquer terapia que possa atrasar ou parar a sua progressão, anunciou esta quarta-feira esta instituição de ensino.

“Esta revelação reveste-se de especial importância se pensarmos que, embora ainda estejamos longe do impacto na vida dos doentes, o objetivo é claro: criar inovação e soluções para problemas reais e, em particular, para duas doenças que, sendo raras, afetam milhões de pessoas em todo o mundo”, disse o responsável pelo projeto, Clévio Nóbrega, citado num comunicado da universidade a que a Lusa teve acesso.

O investigador do Algarve Biomedical Center Research Instituite da UAlg publicou na revista científica Brain um artigo em que dá a conhecer “uma investigação pioneira” que identifica uma nova proteína como alvo terapêutico para duas doenças neurodegenerativas raras e incuráveis: a ataxia espinocerebelosa tipo 2 e a ataxia espinocerebelosa tipo 3 (também conhecida como doença de Machado-Joseph).

“O nosso objetivo está bem traçado: ajudar através da investigação a desenvolver uma terapia que possa atrasar ou parar a progressão da doença”, acrescentou Clévio Nóbrega. De acordo com a Universidade do Algarve, esta investigação é resultado de um estudo desenvolvido em contexto pré-clínico ao longo dos últimos seis anos e “identifica a proteína G3BP1 como crucial para a resposta das células e dos neurónios ao ‘stress’ molecular”.

Servindo-se de modelos celulares e animais, a equipa de investigação “conseguiu comprovar que a diminuição desta proteína contribui para a progressão das referidas doenças e que, quando foram restabelecidos os níveis de G3BP1, foi possível reverter, em modelos animais, algumas das características das doenças, incluindo défices motores”.

“Tratando-se de duas enfermidades para as quais não existe, atualmente, qualquer terapia que possa atrasar ou parar a sua progressão, os dados agora trazidos a público mostram-se especialmente relevantes numa perspetiva de futuro que possa almejar a passagem dos resultados agora obtidos em meio académico para a sociedade”, prossegue a nota.

A Universidade do Algarve recorda que esta investigação resultou já numa patente internacional e na criação de uma ‘start-up’ – a Aquracy Therapeutics – atualmente incubada nesta instituição. A doença de Machado-Joseph “apresenta uma predominância grande em Portugal, atingindo prevalência máxima a nível mundial em algumas ilhas dos Açores”, conclui a UAlg.

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