DGS – Lanches no pré-escolar vão incluir fruta e legumes 2733

A distribuição de fruta e legumes nos lanches dos alunos do 1.º ciclo vai ser alargada ao pré-escolar, anunciou a responsável pelo programa da DGS, que reconhece que a iniciativa não tem corrido como o expectável.

Em declarações à agência “Lusa”, a diretora do PNPAS da DGS, Maria João Gregório, reconheceu que o programa financiado pela União Europeia de distribuição de fruta e legumes «não está a ter o sucesso desejado».

Duas vezes por semana, o lanche de todas as crianças do 1.º ciclo deveria incluir uma peça de fruta ou um legume, segundo o programa europeu que tem o intuito de criar bons hábitos alimentares e de combater a obesidade infantil. No entanto, grande parte dos municípios não tem aderido ao programa, que é uma parceria entre os ministérios da Agricultura, Educação e Saúde.

No passado ano letivo, mais de 230 mil crianças ficaram de fora deste programa europeu nas escolas, porque Portugal usou apenas 1,7 milhões dos 5,5 milhões atribuídos pela União Europeia (UE), segundo dados de um relatório da UE ao qual a fonte teve acesso.

Tanto os gabinetes dos ministérios da Educação como da Saúde sublinharam que a operacionalização do projeto cabe ao Ministério da Agricultura. Maria João Gregório reconheceu que a iniciativa não «está a ter o sucesso desejado», apesar de «estar bem desenhado» e ser «importantíssimo, já que permite a distribuição de alimentos com elevado valor nutricional». Os diretores escolares também lamentam que as autarquias estejam a desperdiçar estes fundos europeus.

«É um programa muito importante e ainda por cima é gratuito para as autarquias e para os cofres do Estado. É pena ver essas verbas irem para trás», lamentou o presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, em declarações à “Lusa”.

Para o aumento da participação das autarquias, a DGS vai trabalhar no sentido de «aumentar a divulgação do programa e motivar as escolas e autarquias a participar mais», informou a diretora do programa da DGS.

Maria João Gregório anunciou ainda que o programa será alargado às crianças do pré-escolar, à semelhança do que já acontece numa escola de Vila Nova de Gaia.

Na Escola Básica das Devesas, a fruta é oferecida a todas as crianças desde que entram no pré-escolar até que terminam o 4.º ano de escolaridade, explicou à fonte a professora Arminda Santos, coordenadora da escola.

«Antes os miúdos traziam muitas vezes bolos e croissants, mas agora já há muitos que trazem fruta», fez notar, explicando que a autarquia «apelou aos encarregados de educação para que enviassem fruta nos outros dias da semana» e o pedido tem sido levado em conta por muitos pais.

No próximo ano, a DGS vai avaliar o impacto do programa da fruta, legumes e leite, revelou à “Lusa” a Maria João Gregório, ressaltando que o programa de distribuição do leite tem sido um sucesso.

Ao contrário do que aconteceu com a fruta e as hortícolas, a distribuição de leite abrange atualmente a grande maioria dos alunos. No ano passado receberam pacotes de leite 119.464 crianças do pré-escolar (97,2%) e 332.407 do 1.º ciclo (99%).

A União Europeia conferiu cerca de 657 mil euros para o programa da fruta e legumes e 1.045 mil euros para o leite. Resultado: Os restantes 3,8 milhões do programa criado para incentivar as crianças a comer melhor nunca chegaram a Portugal.

Os últimos números disponíveis mostram que as autarquias têm vindo a desistir da iniciativa: Quando o programa foi implementado, no ano letivo de 2009/2010, aderiram 154 autarquias, mas, volvidos sete anos, já só havia 114 autarquias incluídas.

Maria João Gregório recordou que alguns municípios já tinham projetos locais de distribuição de lanches saudáveis e por isso poderão ter decidido não aderir ao programa. Também Filinto Lima disse conhecer municípios que preferem investir do seu próprio orçamento para distribuir fruta pelas crianças, porque consideram «os processos de acesso ao programa muito complicados e burocráticos» mencionando ainda que «muitas vezes as verbas não chegam a tempo».

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