A importância da nutrição para as pessoas que vivem com VIH 322

Hoje assinala-se a o Dia Mundial da Alimentação, pelo que a Liga Portuguesa Contra a SIDA (LPCS) não pode deixar passar esta data sem uma mensagem de consciencialização da importância que a alimentação e o trabalho dos nutricionistas tem assumido na saúde dos seus utentes.

Desde a sua fundação que a nutrição e a segurança alimentar são fundamentais, daí o mote desde 2000 ser a “Alimentação é Tratamento”.

É importante ainda salientar que estar infetado pelo VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) não é o mesmo que ter SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Ao contrair o vírus, este poderá levar a uma diminuição progressiva das células CD4+ (as nossas principais células de combate às infeções), o que poderá implicar termos utentes imunodeprimidos, principalmente quando o diagnóstico é tardio, sendo a desnutrição uma consequência complicada e frequente, quando as pessoas atingem o estadio de SIDA.

O papel do nutricionista é fundamental seja numa fase inicial ou mesmo durante o tratamento.

Na fase inicial da infeção por VIH, a desnutrição é uma consequência que se manifesta através da perda de peso não intencional e redução de massa magra e por isso é fundamental manter uma alimentação adequada visto que esta desnutrição pode associar-se a um maior risco da progressão da infeção por VIH conduzindo à doença de SIDA. Os fatores que contribuem para esta desnutrição são a baixa ingestão energética (devido à falta de apetite, à resistência da terapêutica indicada, às náuseas/vómitos,…), uma reduzida capacidade de absorção intestinal de nutrientes, alterações no metabolismo (por haver um aumento do gasto energético), efeitos secundários dos fármacos e as comorbilidades e infeções oportunistas que poderão vir a surgir.

Já na fase de tratamento antiretrovírico (TAR), o papel do nutricionista salienta-se na reeducação alimentar do utente, tendo em conta os possíveis efeitos secundários do tratamento: alguns estudos referem que o TAR, se associa a um aumento de colesterol e triglicéridos, resistência à insulina, a uma maior predisposição para doenças cardiovasculares, diabetes e osteoporose, alterações na distribuição da gordura corporal (maior deposição de gordura na zona abdominal ou na zona do pescoço, ou perda de gordura subcutânea nas extremidades e face). Desta forma, tem-se verificado um aumento da prevalência de obesidade e excesso de peso nesta população, o que agrava as condições anteriormente descritas.

A alimentação recomendada para PVVIH é a Dieta Mediterrânica e é sempre importante que o nutricionista considere também se o aporte em micronutrientes específicos está adequado para dar suporte ao sistema imunitário destas pessoas, por forma a reduzir a incidência de infeções oportunistas (nomeadamente a vitamina A, E, C, selénio, zinco). Vitaminas do complexo B e vitamina D são também importantes.
Por tudo o que foi mencionado, é evidente o papel relevante que o nutricionista tem na vida destas pessoas. É por isso fundamental que este faça parte das equipas multidisciplinares, nomeadamente psicólogos, assistentes sociais, e o próprio médico que o acompanha de forma a fazer a ponte entre o doente e os nutricionistas, alertando para a importância da educação alimentar.

Artigo da nutricionista Renata Vicente.

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